Thursday, June 25, 2009

Psicose






"A loucura é aterradora, posso assegurar-te isso, e vale a pena tê-la em conta: na sua lava encontro ainda a maior parte das coisas acerca das quais escrevo."
(V.Woolf in 'carta a Ethel Smith')


Um surto psicótico abala a maior intimidade e os valores mais profundos de uma pessoa e ela se vê obrigada a revê-los e reelaborá-los, porém sem qualquer segurança transcendental como a oferecida pelas religiões.

Pode-se acreditar que as pessoas riem de si e que se é a causa de todos os problemas. Frequentemente há necessidade de se ser castigado. Sente-se um corpo monstruoso, os detalhes das coisas ficam sinistros, bestiais, aterrorizantes, sons não deixam ler, pensar, concentrar direito...


Saturday, June 20, 2009

Atualizando



Eu tenho uma missão, temo não conseguir cumpri-la como deveria. Não possuo este íntimo conhecimento e vivência de loucura, o raciocínio-lógico rápido, a sensibilidade à transcendência e a facilidade espontânea com a escrita à toa. Alguns escreveram ou escrevem pelos analfabetos, pelos idiotas, pelos criminosos, pelos homossexuais ou pelos animais. Outros, como eu, escrevem pelos loucos, não para eles. Isso não é pouco ou fácil. Escrever pelos humanos realizados, adaptados, vitoriosos dá dinheiro, prêmios e reconhecimento. Mas escrever pelos loucos é admitir também os defeitos deles, não um elogio ou apologia à doença mental, todavia um dar voz através do reconhecimento e apresentação dessa condição de ser tal como é. Esta é minha missão, ainda que sabendo só a idéia já ser considerada algo de delírio de grandeza ou ideal inatingível que causará ainda mais dor, despreza e incompreensão se não chegar ao mínimo necessário da meta. Os obstáculos são tudo e todos e, no entanto, é essa a minha tarefa. Não de hoje, ontem ou amanhã, sempre foi. Apenas estou atrasada. Também o masoquismo primordial, freudianamente, é outro grande obstáculo.

Tuesday, June 16, 2009

Extravagância


A natureza
É exótica


O amor
Também



E assim
A arte

Tentando expressar
Harmonia e paz

Com o que
For capaz


Friday, June 12, 2009

Ainda confio




Silêncios conectados onde pensamentos
sintonizados, parecem darem-se as mãos.
Eu nunca me senti assim antes.

Perdi o ponto onde errei, olho o firmamento.
Embora eu sinta a tua graça em coração, nada é com'antes,
A dor da saudade imensa, do saber a verdade alienante,
Ver de perto a audácia do que nos tirou do sério

E ainda confio na tua fidelidade.
E ainda confio na tua verdade.
E ainda confio na tua essência branda.
Mesmo após a intromissão da realidade nefanda.

Nebulosas dúvidas hoje fazem sentido,
não que seja o melhor, apenas mais autêntico
quando indago por que demoramos tanto e, comigo,
é o teu coração que eu sinto pulsar.
Agora não é mais a experiência adolescente a se tratar

É a descoberta da responsabilidade, toda ela.
Onde entrego-te minhas poucas energias restantes.
Acreditando no devir, no teu poder de ser feliz.
E, assim, desarmada, confesso-me apaixonada
Esperando, confio a ti, a escolha: serei-te a amada?

~