Quando percorri os labirintos noturnos dos meus sonhos Percebo meu olhar escancarado e a perda do brio de minha tez Renascendo de manhã, sem pesar, sem pesares... Ajunto os grãos, faço um café forte Que aliviam meus órgãos perdidos nas garras do Hades. Em vigílias insustentáveis, ando de noites a luares Enfureço ao ver que não o esqueço, charmoso, carinhoso; desmonto Minha farça de mentir que ele nada vale; tanto salvou desolados e oprimidos
Admito, por fim: sim, ele salvou a mim, fez-me vigorosa e confiante Vou lá, ensaio um toque à porta, esqueço o orgulho Vulnerável, quase chorando, Chamando-o de volta à minha felicidade
Louvando a dádiva de receber à inconsciência Energia, dons pra ser o Sol, a lua, o vento, a luz Na ilógica coerência que no alento me seduz Por ser única e original sua doce imanência
Espera o Sol em mim aquecer o abstrato Inquieta a lua em mim a esconder seu tato Desordena em mim o vento a deixar-me inerte Inebriando a luz em mim a orar: desperte!
Se tão pouco há de formosura Se tão pouco há de abastança Sobra meu ser em alva ternura Sabe o mistério que leva uma dança
O tempo passa e sempre me diz A vida é a graça de aprender, tecer A malha dos haveres e ser feliz Amando a sempre e mais a tez
Do ser que um dia se desprende Do medo e liberta o coração Dá a mão e, então , surpreende De tão inefável , ardente paixão